Os pais da adolescente a inscreveram na “guarda juvenil” de Morales. A investigação aponta que isso foi feito “com o único objetivo de ascender politicamente e obter benefícios […] em troca de sua filha menor”.
Morales nega as acusações e argumenta que uma investigação pelos mesmos fatos foi arquivada em 2020. Naquela ocasião, o ex-presidente foi investigado por estupro, um crime que envolve relação sexual com menores de 14 a 18 anos. Desta vez, a promotoria se concentra em um caso de suposto tráfico de pessoas.
Morales pode ser condenado a uma pena de 10 a 15 anos de prisão, segundo o MP. Embora seu paradeiro seja público, a polícia não executou uma ordem de prisão emitida contra o líder cocaleiro. O ex-presidente se encontra desde setembro em Cochabamba, seu reduto político no centro do país, sob a proteção de seus partidários, que afirmam ter montado vários “anéis de segurança” para impedir a prisão.
“A segurança do irmão Evo, neste momento, está a cargo de mais de 2.000 pessoas, todos os dias e 24 horas”, disse na quarta-feira à AFP Vicente Choque, da Confederação Sindical Única de Trabalhadores Camponeses da Bolívia e um dos homens mais próximos ao ex-chefe de Estado.
Morales governou a Bolívia entre 2006 e 2019. Desde que o processo veio à tona, o ex-presidente afirma ser vítima de uma “brutal guerra jurídica” orquestrada pelo governo de Luis Arce, seu ex-ministro e ex-aliado. Ambos protagonizam em uma intensa luta pelo controle do partido governista e pela liderança da candidatura presidencial da esquerda. Morales acusa Arce a de tentar “eliminá-lo” da vida política das eleições de agosto, embora a justiça tenha restrito suas ambições políticas em novembro, ao limitar a reeleição na Bolívia a dois mandatos consecutivos.
*Com AFP
noticia por : UOL