Gigante do varejo, Costco desafia Trump e insiste em políticas woke 

A notícia do momento sobre a Costco, uma das maiores redes varejistas do mundo, dá conta de uma mudança “histórica” em suas praças de alimentação — conhecidas por oferecer um famoso (e econômico) cachorro-quente de US$ 1,50 (R$8,80, na cotação atual). Depois de 12 anos trabalhando com a Pepsi, a lanchonete da empresa vai retomar sua antiga parceria com a Coca-Cola, por motivos que envolvem negociações contratuais e estratégias de marketing.

A novidade, anunciada pelo próprio CEO da companhia durante a reunião anual dos acionistas, foi amplamente divulgada na imprensa e até virou motivo de debates acalorados entre os clientes (como acontece com qualquer assunto nestes tempos polarizados).

O grande público, no entanto, está alheio ao principal tema discutido no encontro dos executivos da Costco com os investidores, realizado no dia 23: a opção por manter seus programas de DEI (diversidade, equidade e inclusão) num momento em que outros gigantes do mercado estão abandonando essas práticas

Essa é uma tendência que começou em meados de 2024 e se intensificou após a eleição de Donad Trump, um inimigo assumido da ideologia woke (e que prometeu acabar com ela durante a campanha).

A proposta foi colocada em pauta devido a uma intensa pressão de organizações conservadoras, principalmente do National Center for Public Policy Research (“Centro Nacional de Pesquisa em Políticas Públicas”), que se dedica a promover o livre mercado, a responsabilidade individual e a limitação do poder do Estado.

Em meados de dezembro, o grupo apresentou uma proposta que solicitava à Costco a reavaliação de suas políticas de DEI, alegando que essas iniciativas podem expor a empresa a riscos legais, financeiros e de reputação — especialmente após a Suprema Corte decidir, em 2023, invalidar ações afirmativas no processo de admissão das universidades americanas (uma interpretação jurídica que pode se estender para contratações no ambiente corporativo). 

Acionistas votaram em peso pela manutenção dos programas de DEI 

O conselho da rede de lojas, contudo, rejeitou sumariamente a proposição, recomendando que todas as partes interessadas votassem contra a revisão dos programas woke

É sabido que a Costco vincula os bônus de funcionários e executivos às metas de DEI, além de ter um histórico de doações generosas destinadas a candidatos do partido democrata (alinhado com a agenda identitária). Ou seja: a empresa tem uma clara inclinação progressista.

Mas, em sua defesa da permanência das políticas de diversidade, o CEO da companhia, Ron Vachris, se limitou a afirmar que o grupo não adota cotas de contratação, apenas busca oferecer “igualdade de oportunidades e salários competitivos para todos os funcionários”. 

A Costco tem cerca de 310 mil empregados, espalhados por mais de 800 lojas, em 15 países. Ainda segundo Vachris, as práticas de DEI são “fundamentais para atrair e reter talentos”

Ao final da reunião, a votação não deixou dúvida: 98% dos acionistas preferiram prosseguir com os programas de DEI. 

A escolha, de acordo com especialistas, foi pautada pelos números e pela lógica da continuidade — afinal, no último trimestre, a Costco registrou um aumento de suas vendas líquidas e dos lucros por ação, apresentando um resultado acima da média das projeções.

Republicanos não desistem e fazem ofensiva legal contra a Costco 

Mas, se Ross Vachris pensou que o assunto estava encerrado, enganou-se. Na última segunda-feira (29), um grupo de 19 procuradores republicanos enviou uma carta para o CEO, insistindo na recomendação de que a empresa deve abandonar a agenda woke. Eles argumentam que as políticas identitárias promovem “discriminação ilegal com base em raça” e pedem que Vachris informe, num prazo de 30 dias, se pretende encerrar essas práticas ou justifique sua manutenção.

“Embora o slogan da Costco seja ‘Faça a coisa certa’, parece que a empresa está fazendo a coisa errada — se apegando a políticas DEI que tribunais e outras companhias rejeitaram por serem ilegais”, diz o documento. 

Encorajados por Trump, que em seu primeiro dia na presidência assinou uma ordem para acabar com o DEI no governo federal, os procuradores estão dando um recado não só para a Costco, mas para todo o mundo corporativo: a guerra cultural chegou nas empresas para valer, e apenas acabou de começar.

noticia por : Gazeta do Povo

30 de janeiro de 2025 14:09

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