Na véspera de deixar o trono, o soberano da Câmara Arthur Lira concedeu duas entrevistas. Falando ao Globo, ressuscitou um cadáver político: “Hoje temos Lula e Bolsonaro como únicos candidatos da esquerda e da direita. Bolsonaro está tão inelegível quanto Lula esteve preso em 2018.” Conversando com o Valor, tratou o projeto Lula-2026 como um Titanic na rota do iceberg: “Ninguém embarca em um navio se sabe que vai naufragar.”

Lira acha que Lula 3 chega à segunda metade do mandato fraco, muito fraco, fraquíssimo. “O governo não aguentou um tapa do Nikolas” [Ferreira], disse, referindo-se ao nocaute do Pix. O Congresso, vitaminado pelas emendas, assumiu o “protagonismo”. Lira foi ao ponto: “Quem decide para onde vai o dinheiro decide o poder.” O Supremo e a Polícia Federal vasculham o porão das emendas. Lira ergue a lança: “Tudo que o Brasil não precisa é de crise institucional.

Lira aconselha Lula a realizar uma reforma ampla da estrutura ministerial -do “primeiro andar” à “cobertura”. Tratado como se estivesse com um pé na pasta da Agricultura, faz doce: “Não falo sobre conjecturas.” Tomado pelas palavras, sente-se à vontade para inserir a Esplanada nos seus planos sem compromisso com o projeto do dono da caneta. “Uma base de apoio para governar é diferente de uma base de apoio eleitoral.”