Foram três horas de espera até o anúncio do prêmio. Muito aplaudido e visivelmente emocionado, o diretor Walter Salles fez uma homenagem no palco a Eunice Paiva, que inspirou o longa.
“Essa estatueta vai para uma mulher que, depois de uma perda tão grande em um regime tão autoritário, decidiu não desistir. Esse prêmio vai para ela: Eunice Paiva, e vai para as duas mulheres extraordinárias que deram vida a ela: Fernanda Torres e Fernanda Montenegro”.
O filme venceu uma disputa acirrada com “Emilia Pérez” (França), “A Garota da Agulha” (Dinamarca), “A Semente do Fruto Sagrado” (Alemanha) e “Flow” (Letônia).
“É uma cultura que está sendo reconhecida. É a forma como fazemos cinema no Brasil que está sendo reconhecida. É uma literatura brasileira que está sendo reconhecida pelo livro de Marcelo Rubens Paiva, no qual o filme foi inspirado. É a música brasileira que também está sendo reconhecida. O filme é realmente liderado por Caetano Veloso, Gal Costa, Erasmo Carlos e tantos outros cantores extraordinários, cuja música deu sentido para muitas das cenas do filme”, disse o diretor após descer do palco, em entrevista à imprensa.
“Este filme foi visto por 5 milhões de brasileiros. E o público brasileiro, de certa forma, se tornou o coautor do filme. O que aconteceu no Brasil foi notícia em diferentes jornais do mundo, e eles perceberam que havia um filme que quebrou a barreira do sistema político binário no Brasil e, na verdade, ofereceu uma reflexão da nossa história”, avalia.
Para Fernanda, o filme “traz uma reflexão importante, toca o coração de gregos e troianos. Qualquer pessoa que assiste ao filme pensa: ‘Isso está errado, essa família não tinha por que ser perseguida'”, disse em entrevista à agência AFP.
noticia por : UOL