Em meio a denúncias de massacre, líder da Síria pede paz e diz que país tem 'características para sobreviver' após denúncias de centenas de assassinatos


Onda de violência que deixou centenas de mortos em áreas costeiras, no pior episódio de conflito comunitário no país desde a queda de Bashar al Assad. Organizações denunciam massacre contra alauítas na Síria por forças do governo
Reprodução/Jornal Nacional
O líder da Síria, Ahmed Sharaa, pediu paz neste domingo (9) em meio a denúncias feitas por organizações de direitos humanos de que as forças de segurança do novo governo sírio assassinaram centenas alauítas (minoria xiita que o apoiava o ex-ditador Bashar al Assad, deposto em dezembro).
“Temos que preservar a unidade nacional e a paz interna, podemos viver juntos”, disse Sharaa, em uma mesquita no bairro onde cresceu, Mazzah, em Damasco. “Fiquem tranquilos, este país tem as características para sobreviver […] o que está acontecendo atualmente na Síria está dentro dos desafios esperados.”
O conflito entre os dois grupos começou na quinta-feira (6), quando o Exército sírio fazia uma operação na região de Lataika e teria sido atacado por forças ligadas ao antigo regime de Assad.
Segundo o governo, o ataque deixou 16 militares mortos e, desde então, mais de 200 membros das forças de segurança sírias morreram.
Os alauítas negam essa versão do governo, dizendo que têm sido alvo de perseguição dos sunitas radicais desde que eles assumiram o poder em dezembro – e são vistos por esses radicais como “hereges”.
Sharaa disse na sexta-feira que pretende perseguir os remanescentes do regime anterior que querem continuar a opressão e tirania. Ele afirmou também que “aqueles que cometeram crimes contra a população serão submetidos a julgamento”.
A Federação de Alauítas na Europa acusa o novo governo de promover uma “limpeza étnica sistemática”.
Segundo moradores ouvidos de forma anônima pela agência de notícias Associated Press, civis alauítas têm sido executados, e as casas, saqueadas e incendiadas pelas forças do governo.
Ali Sheha, um morador de 57 anos, falou abertamente sobre o agravamento da situação e contou que fugiu da região na sexta-feira (7) com a família. Ele relatou que mais de 20 vizinhos e amigos foram assassinados. “Foi muito ruim”, diz ele. “Havia corpos pelas ruas”.
Organizações humanitárias denunciam massacre de minoria religiosa na Síria
Vale destacar que a Síria é majoritariamente sunita, mas foi governado por cinco décadas pela família Assad, que segue a linha alauíta. Bashar al-Assad ficou no poder por 24 anos até ser deposto por integrantes do HTS, um dos grupos que lutavam na longa guerra civil do país.
Essa onda de violência é o pior episódio de conflito comunitário no país desde a queda do ditador, em dezembro. O Observatório de Direitos Humanos da Síria diz que mais de 1.000 pessoas já morreram desde quinta-feira (6), entre elas mais de 750 civis.
A escalada dos confrontos preocupa a comunidade internacional. A Rússia e a Turquia alertaram que a troca de agressões ameaça a estabilidade de toda a região. A Alemanha pediu que os dois lados evitem uma espiral de violência.
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Fonte: G1

9 de março de 2025 17:09

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