Falada por mais de 285 milhões de pessoas em quatro continentes, a língua portuguesa é considerada, muitas vezes, periférica em simpósios e conferências internacionais.
A maior parte desses eventos costuma utilizar o inglês como língua de trabalho, o que, por vezes, exclui a participação de pesquisadores e cientistas que só falam português ou outra língua materna.
Mais mulheres em posições de comando
Com a pandemia, muitas entidades perceberam que era importante impulsionar outras línguas para aumentar a comunicação e interação com outras realidades linguísticas.
Uma das entidades parceiras da Organização Mundial da Saúde, OMS, a Women in Global Health, ou Mulheres na Saúde Global, fundou um grupo de profissionais de língua portuguesa para disseminar conhecimento, informação e também elevar o número de mulheres lusófonas na liderança da saúde.
A criadora é a ex-ministra da Saúde da Guiné-Bissau, a infectologista Magda Robalo. Após dedicar décadas de serviço a instituições regionais e internacionais como a própria OMS, ela desenvolveu agora a rede das Mulheres Lusófonas na Saúde.
Nesta entrevista à ONU News durante um evento sobre saúde na Assembleia Geral da ONU, Magda Robalo, explicou que a iniciativa está crescendo alavancada também pela força da língua portuguesa ao redor do globo.
Agenda 2030 e oportunidades
O grupo Mulheres Lusófonas na Saúde reúne médicas, enfermeiras, parteiras, juristas, profissionais de comunicação e outras áreas. A meta é contribuir também para melhores condições de saúde apoiando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, ODS, e a Agenda 2030.
Para Magda Robalo, com a hegemonia do inglês e outras línguas centrais, muitos talentos dentro do universo de língua portuguesa estavam ficando para trás.
Algo que a criação da comunidade de Mulheres Lusófonas na Saúde está conseguindo combater ao criar oportunidades para participação em reuniões regionais e internacionais.
Fundação durante Assembleia da Saúde
O Grupo Mulheres Lusófonas na Saúde tem dezenas de participantes que se destacam também em seus países de origem como autoridades, pesquisadores e científicas.
A fundação ocorreu durante a realização da Assembleia Mundial da Saúde, em Genebra, há dois anos, elevando o número de capítulos para 50 em todo o mundo.
A infectologista, Magda Robalo diz que o trabalho de enfrentar disparidades na liderança da saúde com uma plataforma comum e na própria língua materna tem apoiado também líderes políticos e legisladores na Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, Cplp.
Atualmente, as mulheres formam mais de 80% da força global de trabalho na saúde, mas seguem sendo sub representadas para posições de liderança com menos de 25% delas em cargos de comando.
*Monica Grayley é editora-chefe da ONU News em Português.
FONTE : News.UN