Lula deve priorizar alianças para travar bolsonarismo no Senado

O presidente Lula (PT) deve priorizar alianças com partidos de centro e centro-direita nas eleições de 2026 e trabalhar para travar um possível avanço do bolsonarismo no Senado.

A definição das candidaturas nos estados passará pela estratégia da eleição nacional. O objetivo é barrar a eleição de nomes próximos do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) e evitar uma maioria da oposição no Senado em um eventual quarto mandato de Lula.

A disputa para o Senado é prioridade para Bolsonaro, que está inelegível e não poderá concorrer no pleito do próximo ano. Ele deve mobilizar uma tropa de candidatos à Câmara Alta com nomes de sua confiança, incluindo a esposa Michelle e os filhos Flávio e Eduardo, todos do PL.

A formação de uma maioria na Casa legislativa é vista como crucial para fortalecer a posição do ex-presidente no embate com o STF(Supremo Tribunal Federal), incluindo possíveis pedidos de impeachment de ministros.

O Senado também é visto como crucial para fazer avançar propostas de anistia de envolvidos nos ataques golpistas de 8 de janeiro de 2023 e para barrar indicações ao Banco Central e agências reguladoras. O PL tem a segunda maior bancada com 14 senadores, 8 deles com mandato até 2031.

Para travar a ofensiva, o governo Lula deve negociar parte das 54 vagas que serão disputadas em 2026 e abrir espaço para aliados de partidos como MDB, PSD e PSB. A tendência é que o PT tenha candidatos próprios apenas nos estados onde tiver nomes competitivos.

“Estamos em uma fase de diagnóstico para começar as conversas internas e com partidos aliados. A nossa expectativa é construir uma bancada lulista e impedir que a extrema direita possa fazer maioria, o que seria um problema”, afirma o presidente nacional do PT, Humberto Costa.

O PT tem nove senadores, dos quais seis encerram o mandato em fevereiro de 2027. No próximo ano, o objetivo é superar a eleição adversa de 2018, quando conquistou apenas quatro cadeiras.

Dos seis senadores em fim de mandato, cinco vão buscar a reeleição – Jaques Wagner (BA), Humberto Costa (PE), Rogério Carvalho (SE), Fabiano Contarato (ES) e Randolfe Rodrigues (AP). Os dois últimos foram eleitos pela Rede Sustentabilidade, mas migraram para o PT ao longo do mandato.

A exceção é o senador Paulo Paim (RS), que já anunciou que não vai tentar um quarto mandato consecutivo. O favorito para assumir a candidatura é o deputado federal Paulo Pimenta, que ganhou visibilidade como ministro da Reconstrução do Rio Grande do Sul após enchentes históricas de 2024.

Outros petistas se movimentam para ascender ao Senado, mas as pretensões serão analisadas caso a caso. O único nome considerado certo é o da governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, que encerra seu segundo mandato e é vista como favorita para as vagas em disputa.

Em outros seis estados e no Distrito Federal, petistas que atualmente ocupam outros cargos confirmaram a intenção de concorrer ao Senado.

É o caso do ministro da Casa Civil, Rui Costa, que governou a Bahia entre 2015 e 2022 e trabalha para voltar a ter um mandato eletivo. Ele tem afirmado que está disposto a ser candidato, mas que só vai concorrer com o aval de Lula.

A pretensão tensionou a base do governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues (PT), já que os senadores Jaques Wagner (PT) e Angelo Coronel (PSD) afirmam que vão disputar a reeleição.

O PT tem defendido uma chapa com Rui Costa e Jaques Wagner para o Senado, mas se movimenta com cautela para não fraturar a base aliada. A avaliação é que o cenário nacional será determinante para a definição da chapa.

O cenário é parecido no Ceará. O deputado José Guimarães (PT), líder do governo Lula na Câmara, pleiteia uma das vagas ao Senado, mas outros partidos aliados querem compor a chapa do governador Elmano de Freitas (PT).

O deputado federal Eunício Oliveira (MDB) quer voltar ao Senado após a derrota de 2018. O senador Cid Gomes (PSB) diz que não é candidato à reeleição, mas apoia o deputado federal Júnior Mano (PSB). Também que entrar na disputa o ex-senador Chiquinho Feitosa (Republicanos).

No Piauí, o PT tem pressionado por uma candidatura própria, mas o governador Rafael Fonteles (PT) indicou que deve apoiar Marcelo Castro (MDB) e Júlio Cesar (PSD). Em Alagoas, Lula deve apoiar a reeleição de Renan Calheiros (MDB), o que pode atrapalhar os planos do deputado federal Paulão (PT).

Ainda trabalham para concorrer ao Senado pelo PT a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco (RJ), a deputada Erica Kokay (DF) e o ex-deputado Marcelo Ramos (AM).

A prioridade, contudo, será apoiar nomes competitivos que se contraponham ao bolsonarismo. No Amazonas, por exemplo, a tendência é de apoio à reeleição do senador Eduardo Braga (MDB) para enfrentar o deputado Capitão Alberto Neto (PL), nome escalado por Bolsonaro para a disputa.

O cenário ainda é nebuloso no Rio de Janeiro. Entre os aliados do prefeito Eduardo Paes, que deve ter o apoio de Lula na disputa pelo governo, despontam os nomes do deputado evangélico Otoni de Paula (MDB) e do ex-deputado Alessandro Molon (PSB). A petista Anielle Franco mira o Senado, mas admite concorrer à Câmara dos Deputados.

Em São Paulo, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) é apontado como um nome capaz de fazer frente à possível candidatura do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Mas o PSB tem trabalhado para mantê-lo como companheiro de chapa de Lula em 2026.

noticia por : UOL

17 de maio de 2025 8:25

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