Relembre momentos de tensão e constrangimento entre Trump e líderes mundiais na Casa Branca

Desde que deu início ao seu segundo mandato como presidente dos Estados Unidos, Donald Trump vem utilizando a chamada “diplomacia do bullying” como estratégia contra uma série de líderes mundiais que recebe na Casa Branca —muitas vezes tentando constranger, intimidar ou encurralar os representantes estrangeiros ao vivo, em frente às câmeras.

Os episódios de tensão e, por vezes, bate boca entre o presidente americano e outros líderes no Salão Oval chamaram a atenção por serem altamente incomuns na diplomacia mundial, onde governos tentam manter discordâncias mais acaloradas a portas fechadas, e também pelos alvos escolhidos por Trump —até aqui, democracias tidas anteriormente como próximas de Washington.

Relembre abaixo os líderes que protagonizaram momentos de tensão com Trump na Casa Branca.

Em fevereiro, pouco mais de um mês após a volta de Trump ao poder, o mundo ainda se perguntava se o aparente alinhamento dos EUA com a Rússia sugerido em falas anteriores do republicano se confirmaria mesmo durante a visita aos EUA do presidente da Ucrânia, Volodimir Zelenski.

Em poucos minutos de encontro, televisionado ao vivo direto do Salão Oval, a resposta ficou clara.

Trump repetiu argumentos usados por Moscou, como o de que a Ucrânia seria responsável pelo início da guerra, acusou Zelenski de “jogar com a Terceira Guerra Mundial” e bateu boca, com dedo em riste, com o líder do país invadido.

O vice-presidente, J. D. Vance, jogou lenha na fogueira ao cobrar de Zelenski um pedido de agradecimento, e disse: “Eu acho desrespeitoso você vir aqui no Salão Oval e dizer essas coisas em frente à mídia americana” —o ucraniano havia cobrado de Trump que pedisse o fim da guerra também a Vladimir Putin, a quem chamou de assassino.

A briga pública, sem precedentes na história da diplomacia americana, levou a uma suspensão da ajuda militar dos EUA à Ucrânia, que só foi retomada em 11 de março depois que Kiev manifestou apoio à proposta de cessar-fogo de 30 dias apresentada por Washington. A Rússia não concordou com a proposta.

O recém-eleito primeiro-ministro canadense visitou Trump em maio, dias depois de chegar ao poder com uma campanha eleitoral marcada por sua oposição às ameaças do republicano. O americano vem dizendo que o Canadá deveria ser “o 51º estado dos EUA” e ameaçou anexar o vizinho ao norte.

Em encontro tenso na Casa Branca, Carney ouviu de Trump que “faz todo o sentido” unir os dois países, dizendo que o mapa da América do Norte ficaria “muito bonito” se isso acontecesse. O primeiro-ministro rejeitou a ideia, dizendo que seu país “não está à venda. Nunca estará à venda”.

Trump rebateu: “Nunca diga nunca.” “Já tive muitas, muitas coisas que não eram possíveis, e acabaram se tornando possíveis”, disse o presidente americano, que acrescentou: “Veremos”.

O encontro acabou sem avanços para relação bilateral entre Ottawa e Washington, que vive seu pior momento em décadas.

É provável que o presidente sul-africano soubesse que a acusação sem provas feita repetidamente por Trump de que haveria um “genocídio branco” em curso na África do Sul viria à tona durante sua visita à Casa Branca em maio.

Mas é difícil de imaginar que Ramaphosa pudesse prever que o republicano mandaria apagar as luzes do Salão Oval, pedir silêncio e reproduzir um vídeo que supostamente provaria as acusações de que brancos são perseguidos em seu país. A peça reunia falas de políticos negros estimulando violência contra brancos e supostos túmulos de agricultores africâneres mortos —Ramaphosa não esboçou reação e se recusou a assistir as imagens, olhando apenas ocasionalmente para a tela.

Quando o vídeo terminou, o presidente da África do Sul se dirigiu a Trump. “O que você viu, as falas que são feitas, não são política do governo.” “Se houvesse genocídio contra os africâneres na África do Sul, lhe garanto que esses senhores não estariam comigo aqui hoje”, disse Ramaphosa, se referindo aos membros brancos da delegação sul-africana que o acompanhou na visita à Casa Branca.

Trump interrompeu o sul-africano para repetir que os agricultores brancos estão fugindo do país, e a reunião terminou com Ramaphosa dizendo esperar que os EUA possam “ter um papel de liderança” no G20, cuja cúpula acontece em Joanesburgo este ano.

noticia por : UOL

21 de maio de 2025 21:43

Ouvir Shalom News

LEIA MAIS

WP Radio
WP Radio
OFFLINE LIVE