Como o excesso do uso de telas afeta sono, visão e convivência?

O uso excessivo de telas, como smartphones, tablets e computadores, tem sido associado a diversos problemas de saúde, especialmente entre crianças e adolescentes.

Estudos recentes indicam que cada hora adicional em frente às telas pode, por exemplo, aumentar o risco de miopia em até 21%. Além disso, a exposição prolongada à luz azul emitida por esses dispositivos também afeta a qualidade do sono, contribuindo para a insônia.

Epidemia silenciosa e redução na duração do sono

A preocupação com os efeitos de tela na saúde ocular, entretanto, não é de hoje e tem crescido na mesma proporção que o uso das telas. A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que, até 2050, metade da população mundial poderá ser afetada pela miopia, o que constituiria uma epidemia silenciosa.

De acordo com pesquisadores de estudo publicado na revista médica americana Jama Network Open, um potencial limite de segurança seria de menos de uma hora de exposição diária às telas.

Para chegar a esta conclusão, os pesquisadores realizaram a análise de outros 45 estudos envolvendo mais de 335 mil participantes e sugerem também que que o risco de desenvolver miopia aumenta significativamente entre um e quatro horas de uso diário de telas, estabilizando-se após esse ponto. Para indivíduos que já possuem a condição, esse risco de progressão pode ser ainda maior.

A pesquisa também destacou que o risco de miopia é mais elevado quando o tempo de tela é avaliado de forma combinada, considerando o uso de múltiplos dispositivos, em comparação com a análise de um único aparelho.

Menina deitada sobre a bolsa e com celular na mão.Tempo demais nas telas pode custar caro: miopia, insônia e menos tempo com a família são algumas das consequências. (Foto: Foto: Sinitta Leunen | Unsplash)

Além disso, o aumento do uso de telas entre crianças pequenas, muitas vezes desde os dois anos de idade, e a redução do tempo ao ar livre são fatores que contribuem para o avanço da miopia. Essas descobertas destacam a importância de medidas eficazes na preservação da saúde ocular, especialmente em crianças e adolescentes em um mundo cada vez mais digital.

Entretanto, os problemas acarretados pelo uso de telas não param por aí. Outro estudo recente, dessa vez publicado no periódico Frontiers in Psychiatry, analisou os hábitos de sono e de exposição às telas de diferentes estudantes noruegueses. A conclusão foi clara: o uso de dispositivos digitais antes de dormir, especialmente para acessar as redes sociais, aumenta em 59% o risco de insônia e reduz a duração do sono em média 24 minutos por noite.

Apesar de apresentarem resultados cientificamente sólidos, é preciso lembrar que ambos os estudos limitam-se a tão somente analisar a relação da exposição às telas com os problemas de saúde mencionados, sem levar em consideração outros fatores que também podem agravar ou reverter estes cenários, como atividade ao ar livre, exposição à luz solar, dentre outros hábitos.

Proibição e debate sobre uso consciente de telas

Debates sobre o tema e ações nesse sentido têm sido frequentes numa sociedade cada vez mais dependente de telas, como, por exemplo, a proibição do uso de celulares nas instituições de ensino público e privadas durante as aulas, intervalos e recreios.

A lei em vigor que visa reduzir distrações e melhorar o desempenho acadêmico tem sido bem vista, mas não suficiente.

Adolescente com um celular na mão. Ele está olhando para tela.Novas regras nas escolas tentam frear o uso excessivo de celulares e estimular o foco e o convívio real entre os alunos. (Foto: Foto: Marc Clinton Labiano | Unsplash)

Esse também foi o entendimento de pesquisadores da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, depois de realizar um estudo massivo em torno do tema. O estudo, conhecido como SMART Schools Study, acompanhou mais de 1.200 estudantes de 30 escolas secundárias britânicas e foi publicado em fevereiro de 2025.

A proposta era investigar se a restrição ao uso de celulares no ambiente escolar teria impactos positivos na saúde mental, no sono, no desempenho e no comportamento dos adolescentes.

Apesar de as escolas com políticas mais rígidas apresentarem uma leve redução no tempo de uso de celulares e redes sociais durante o período escolar, os pesquisadores não encontraram diferenças significativas nos níveis de bem-estar, ansiedade, depressão, desempenho acadêmico ou sono entre os grupos analisados.

A conclusão do estudo reforça a ideia de que, embora a regulação do uso de dispositivos nas escolas seja um passo importante, ela precisa vir acompanhada de estratégias mais amplas — que envolvam também o uso fora do ambiente escolar e uma educação digital mais consciente e estruturada.

Em resumo, o equilíbrio no uso de tecnologias é essencial para preservar a saúde ocular, garantir uma boa qualidade de sono e fortalecer as relações interpessoais.

Pais, educadores e os próprios jovens devem estar conscientes dos riscos associados ao uso excessivo de telas e buscar práticas que promovam um estilo de vida mais saudável e conectado com o mundo real.

noticia por : Gazeta do Povo

5 de junho de 2025 5:25

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