Leo Lins: ataque burro a juíza tem deputada amiga; negro perde, piada ganha

Alguém se opõe ao que vai acima? Eu não. E, até que não mude a jurisprudência, é o que vale. No julgamento em curso no Supremo sobre a responsabilidade civil das redes, André Mendonça, um dos dois ministros indicados por Jair Bolsonaro, inverteu o argumento. Para ele, o direito individual se impõe sobre a proteção da coletividade. O bolsonarismo precisa do vale-tudo nas redes para manter a permanente mobilização das hordas afascistadas contra a democracia e o estado de direito.

OS DISCÍPULOS DE CAROLINE DE TONI
É certo que não estou entre aqueles que pensam que o humor pode tudo. Fosse assim, chamar-se-ia “Deus”, e os humoristas seriam aiatolás de uma teocracia. Mas, se quiserem, podem ignorar tudo o que há de considerações valorativas no que escrevi e se fixem apenas na questão legal. A juíza decidiu conforme a lei.

Os inconformados, humoristas ou não, têm, no entanto, razões para esperança. Caroline de Toni lhes oferece uma saída: vulnerar a proteção que a Lei 7.716 oferece àqueles que são vítimas de “preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional”. O STF, o belzebu da extrema direita, estendeu a proteção legal à comunidade LGBTQI+.

Caroline, a defensora da patrulha e censura a professores em sala de aula, quer extinguir os Parágrafos 2º e 2º A do Artigo 20 de tal lei. Pretende explicitar que, grande guia do pensamento progressista!, inexistem crimes de racismo e afins para artistas. Que momento sublime do debate sobre a liberdade de expressão! Os afascistados caçam e cassam livros em escolas; perseguem exposições de arte; fazem lista para demonizar artistas e pregam boicote a shows… Mas vão garantir a tranquilidade aos humoristas que precisam atacar negros, gays, mulheres, gordos e pessoas com necessidades especiais para exercer o seu ofício. Que modo de ganhar a vida!

Sugiro, gente valente, um show de celebração da “verdadeira liberdade de expressão”. Como Caroline sabe que atacar brancos, héteros ou a turma da bancada do boi, da bala e da Bíblia não arranca o riso das plateias de brancos, héteros e admiradores da bancada do boi, da bala e da Bíblia, passará por paladina da liberdade. Cobre-se dela a promessa de que continuará a posar com fuzis, pronta para defender os humoristas e os jornalistas que se sentem oprimidos pela lei antirracismo e pelo, como é mesmo?, politicamente correto.

CAMINHANDO PARA O ENCERRAMENTO
Volto ao ponto. A juíza aplicou o arcabouço legal. E desafio que demonstrem o contrário. Há quem esteja inconformado. A Lei Afonso Arinos, de 1951, foi a primeira a criminalizar o racismo no Brasil. Um avanço conceitual, já que nada acontecia na pratica. Foram necessários mais 38 anos para que se chegasse à primeira versão da lei 7.716, em 1989, que passou a efetivamente punir os racistas.

noticia por : UOL

8 de junho de 2025 6:41

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