Farsa do Pix 3: Dias perigosos por aqui e além-fronteiras; o jogo se aclara

A genuflexão barulhenta, no entanto, tem um aspecto positivo: torna o jogo mais claro. Essa gente diz o que pretende e que tipo de sociedade quer construir. Ninguém mais pode alegar ignorância. Foi para o ralo, por exemplo, a tese da autorregulação das “big techs” como alternativa a uma decisão do Estado democrático. Os potentados deixam claro: o negócio deles é o vale-tudo à moda Dana White (conselheiro da Meta e de Trump) sobre qualquer assunto.

Com aparência bem pouco viril, destaque-se, “Zuck” disse no podcast do reaça Joe Rogan que o mundo precisa de mais energia masculina. Guerra Rússia-Ucrânia; massacres na Faixa de Gaza, no Líbano e no Iêmen; as rotas do terror na África subsaariana… Não bastam os corpos empilhados. O cara sente falta do suor e do chulé da impostura misturados ao sangue dos inocentes. Foi além: evocando seu aprendizado no MMA e no jiu-jítsu, disse gostar da sensação de que ele próprio poderia matar uma pessoa.

Não tem pinta de que enfrente uma barata sem a ajuda de seus seguranças. Suas redes, não obstante, já mataram crianças, razão por que ele se desculpou, em janeiro do ano passado, com os pais dos jovens mortos em pleno Congresso Americano. Tudo indica estar arrependido de ter simulado alguma decência…

RETOMANDO O FIO
Evoco a questão das redes e das “big techs”, reitero, para caracterizar os dias que chamei “perigosos”. Vejam a pancadaria a que foi submetido o STF nos mesmos setores da imprensa que flertam com “estupradores estruturais” porque o tribunal ousou deixar claro, apelando à metáfora já aqui exposta, que o “MMA político e ideológico” promovido por essas gigantes é incompatível com a Constituição. Dana White, Elon Musk e agora Zuckerberg não são nossos guias. A X e a Meta estão a evidenciar que o Artigo 19 do Marco Civil da Internet é uma corda no pescoço dos direitos fundamentais. Quanto podemos queimar de nossa institucionalidade para que o chefão da Meta e seus “parças” compensem a sua carência de energia masculina?

É evidente que isso tudo constitui uma camada de glacê intragável, fantasiada de guerra cultural, a recobrir embates que são de natureza econômica. Donald Trump toma posse nesta segunda e ninguém tem o direito de duvidar daquilo que ele próprio anuncia como desiderato de seu governo. O movimento “MAGA” (Make America Great Again) pressupõe que países abram mão de sua soberania — e isso é dito sem nenhum constrangimento — em benefício dos interesses dos Estados Unidos. Em vez da diplomacia, ameaças.

Zuckerberg, aliás, até de modo um tanto abobado, escancarou esse novo tempo. Naquele pronunciamento em que anunciou, na prática, a liberação dos discursos de ódio, afirmou:
“Os Estados Unidos possuem a mais forte proteção constitucional para liberdade de expressão do mundo. A Europa tem cada vez mais leis que institucionalizam a censura, tornando muito difícil a inovação lá. Países da América Latina têm ‘tribunais secretos’ que podem ordenar que empresas silenciosamente retirem conteúdos das plataformas”.

noticia por : UOL

23 de janeiro de 2025 12:52

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