A lucrativa pausa na carreira de Jorge e Mateus

A dupla sertaneja Jorge e Mateus anunciou em dezembro passado que fará uma pausa na carreira sem perspectiva para voltar. Será o fim? A dupla programou uma turnê de despedida para lucrar com a anunciada pausa. Sinal dos tempos, hoje em dia toda banda, grupo ou dupla parece ter um plano de carreira até para terminarem.

A turnê de despedida de Jorge e Mateus começará a partir de abril e os ingressos já estão sendo vendidos. São Paulo, Brasília, Belém, Cuiabá e Manaus serão as primeiras cidades a receber a turnê.

Jorge e Mateus são uma das duplas mais bem-sucedidas da música sertaneja. Foram pioneiros da geração do sertanejo universitário, junto com Victor e Leo, César Menotti e Fabiano e João Bosco e Vinícius. Começaram a carreira em 2005 na cidade de Itumbiara, interior de Goiás. No ano seguinte gravaram um disco independente toscamente gravado, que teve boa repercussão e despertou interesse das gravadoras.

A turnê celebra 20 anos de carreira. São duas décadas de muito cansaço, correria e fins de semana longe da família, em cerca de 250 shows anualmente.

Até aí, tudo normal. Um ano sabático é sempre bem-vindo. O que é curioso é que a pausa ou o fim de carreiras de bandas, grupos e duplas do mainstream musical vem sendo cada vez mais premeditado.

Não era assim décadas atrás. Imagina se os Beatles, antes de se separarem com muita mágoa, tivessem feito uma turnê de despedida?

O normal entre as bandas do internacionais eram as brigas que levaram ao fim trágico ou a expulsão de alguns membros. Os exemplos são variados: Deep Purple, Angra, Abba, Van Halen, Metallica, Iron Maiden, Yes, Guns’n’roses – todos passaram por processos traumáticos de saída de integrantes, discussões, desilusões, brigas e muita amargura.

No Brasil acontecia o mesmo. Os Mutantes e Sepultura tiveram membros expulsos com muita mágoa, Rita Lee e Max Cavalera. A saída de Cazuza do Barão Vermelho em 1985 gerou animosidade que durou anos.

Mesmo na música sertaneja, o normal eram os términos traumáticos. João Mineiro e Marciano lançaram o último disco em 1992. Se separaram para nunca mais retornar. Chrystian e Ralf terminaram algumas vezes, sempre de forma muito hostil. Quando Chrystian morreu, ano passado, os irmãos estavam há quatro anos sem se falar. A separação de Simone & Simaria tampouco foi amigável em 2022. Mas casos assim são cada vez mais excepcionais.

De uns tempos para cá vem se tornando normal na música brasileira o fim programado ou pausas anunciadas. Um caso notório é a banda carioca Los Hermanos, que anunciou “recesso por tempo indeterminado” em 2007. E desde então, quando se trata de lucrar com o passado, os hermanos fazem show em voltas esporádicas.

Caso semelhante aconteceu com os Titãs. Apesar de algumas saídas traumáticas, a banda soube sobreviver às mágoas e fez uma das turnês mais comercialmente bem-sucedidas de uma banda brasileira no ano passado.

A turnê de despedida do Exaltasamba durou oito meses em 2012. A banda decidiu terminar após as saídas extremamente calculadas dos vocalistas Thiaguinho e Péricles, anunciadas no programa dominical de Faustão.

O caso da banda mineira Skank é semelhante. A turnê de despedida durou um ano e meio e passou por mais de cem cidades. O mesmo acontece com o caso do Natiruts, que faz sua derradeira turnê este ano.

O anúncio da pausa na carreira de Jorge e Mateus é mais um exemplo de fim programado. Por anos houve boatos de diferenças irreconciliáveis de ambos. Se eram verdadeiros ou não, pouco importa. Hoje em dia crises, desentendimentos e rupturas são capitalizadas pelo mercado musical.


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noticia por : UOL

31 de janeiro de 2025 18:07

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