A FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora dos Estados Unidos, aprovou ensaios clínicos de duas empresas de biotecnologia para o transplante de órgãos de porcos geneticamente modificados em pessoas com insuficiência renal. Se bem-sucedidos, esses estudos podem ampliar o uso de transplantes entre espécies, um objetivo perseguido por cientistas há séculos.
Uma das empresas, a United Therapeutics Corporation, inicia seu ensaio com seis pacientes, número que pode chegar a 50. A outra, eGenesis, começa com três pacientes e pretende expandir a pesquisa.
“Estamos entrando em uma era transformadora na área de transplantes de órgãos“, afirma Mike Curtis, presidente e CEO da eGenesis.
Nos últimos três anos, cinco pacientes já receberam órgãos de porcos modificados geneticamente por essas empresas —dois receberam corações e três receberam rins. No entanto, essas cirurgias não fazem parte de um ensaio clínico formal.
A paciente que sobrevive por mais tempo até agora é uma mulher de 53 anos que recebe um rim de porco em novembro. Os outros quatro receptores, que estavam em estado mais grave no momento do transplante, morrem pouco depois do procedimento.
Mais de 550 mil americanos têm insuficiência renal e precisam de diálise, e cerca de 100 mil aguardam um transplante de rim. No entanto, há uma escassez crítica de órgãos doados, com menos de 25 mil transplantes realizados em 2023. Muitos pacientes morrem enquanto esperam.
Mesmo que os órgãos de porcos geneticamente modificados se mostrem seguros e eficazes, ainda não está claro qual será o custo do procedimento e se haverá cobertura por seguros de saúde.
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Críticos levantam preocupações sobre a possibilidade de patógenos conhecidos ou desconhecidos dos porcos serem transmitidos para humanos nesses transplantes, embora o risco seja considerado pequeno. Especialistas em ética médica também questionam como os pacientes podem consentir plenamente com esses experimentos, já que há muitos riscos desconhecidos.
Este artigo foi publicado originalmente no The New York Times.
noticia por : UOL