Banana por quilo ou por penca? O que vale mais a pena em mercados, feiras e sacolões?

Uma dúzia de banana nanica na feira sai em média a R$ 8,72, de acordo com os preços levantados pela reportagem da Folha em seis feiras livres da zona sul de São Paulo. Na mesma região, a média de preço do quilo da fruta cobrado em supermercados, varejões e sacolões é de R$ 9,47.

O mesmo levantamento mostra ainda que o preço médio da banana prata é de R$ 13,76 por quilo e de R$ 10,08 por dúzia. A banana maçã, em média, sai a R$ 17,30, por quilo, e a R$ 11,42, por dúzia.

No caso da nanica, a diferença parece ser até pequena, mas a forma de cobrança faz, muitas vezes, o consumidor pagar por apenas seis bananas compradas por quilo, o mesmo que pagaria por 18 ou 20 bananas vendidas nas feiras livres por dúzia.

Por exemplo, seis bananas nanicas compradas no dia 11 de janeiro no supermercado Vila das Frutas, na Vila Mariana, equivalentes a 985 gramas, saíram a R$ 9,84 (R$ 9,99 o quilo). No dia seguinte, por R$ 10, na feira livre da rua General Carneiro da Cunha, no bairro da Saúde, foi possível comprar 20 bananas, da mesma qualidade. Nesse caso, 3,3 vezes mais fruta por dúzia do que por quilo.

Nas feiras livres, o preço do produto varia se a banana é pequena, média ou grande. E, na maioria dos casos, esse valor tende a diminuir quanto mais próximo se está do encerramento da feira livre, a famosa hora da xepa, quando o preço fica ainda menor. Tem ainda o chorinho, quando o comerciante coloca uma ou duas bananas a mais na sacola do consumidor.

Enquanto isso, nos supermercados, o preço do quilo da fruta é quase sempre linear, independentemente de tamanho ou estado de maturação. Em quase todos os estabelecimentos que vendem bananas por quilo, visitados pela Folha, o padrão da fruta era sempre de média para grande.

“Quem vende por quilo não perde nada”, afirma o diretor de Marketing do Sindicado dos Feirantes do Estado de São Paulo, Alex Gomes dos Reis. Segundo ele, quem compra banana por quilo acaba pagando pela casca e pelo cacho. “Na feira, paga-se só pela banana.”

Desde 2016, quando a lei estadual 16.121 revogou a legislação anterior que exigia que a fruta fosse vendida no varejo somente por quilo nas feiras livres, sacolões e supermercados, 99% das mais de 955 feiras realizadas na cidade, segundo a Secretaria Executiva de Segurança Alimentar e Nutricional e de Abastecimento da Prefeitura de São Paulo, adotam a dúzia como medida na comercialização de bananas.

Para o feirante Roberto Nakano, 46, um dos oito comerciantes de banana da feira livre, realizada às terças-feiras na rua Afonso Celso, na Vila Mariana, zona sul da capital paulista, “vender por dúzia é o diferencial da feira livre”.

Ele reconhece, no entanto, que a comercialização por quilo seria até mais vantajosa para os feirantes. “Não há perda no quilo, porque tudo é cobrado”, diz.

Mas, na prática, quando a legislação obrigava o feirante a ter balança para vender banana por quilo, Nakano lembra que era complicado para a operação. “Era muito ruim para nós, feirantes, e também para o consumidor, principalmente”, ressalta.

Reis diz que a venda de banana por quilo na feira representava um custo adicional para o feirante, que tinha até de colocar mais gente para atender na barraca. “Vender por dúzia é muito mais prático, e o cliente já entende essa maneira de cobrar pela fruta. Ao contrário do quilo, se ele quer meia dúzia de bananas, sabe o quanto vai pagar”, diz.

A dona de casa Leda Maria Facioli Francisco, 75, faz compra de banana sempre na feira da Afonso Celso. Ela conta que nem se lembra mais quando foi a última vez que comprou banana em supermercado. Ela diz que prefere a feira ao supermercado, porque tem sempre mais opções da fruta na feira. “Tem da mais barata, da mais ou menos, da maior ou da menor.”

O engenheiro de dados Luís Roberto Moura, 32, compra banana em supermercados, mas percebe que na feira tem opções mais baratas. Frequentador da feira de domingo, na rua General Carneiro da Cunha, no bairro da Saúde, diz que, geralmente, paga R$ 7 na penca com 12 bananas.

Moura afirma que no supermercado uma penca sempre tem mais de um quilo. Por isso, ele compra bananas com mais frequência na feira. Mas, no meio da semana, quando acaba a fruta, opta pelo supermercado, porque não tem a opção da feira. Ele reconhece que a compra de banana no supermercado acaba sendo por conveniência.

Em boa parte dos supermercados visitados pela Folha, o conforto térmico, iluminação, limpeza, som ambiente, expositores de frutas organizados, precificação clara dos produtos contrasta com o ambiente caótico das feiras livres.

Vizinho da loja Pão de Açúcar do Jardim Vila Mariana, o advogado aposentado Luís Cândido, 82, aponta uma outra vantagem dos supermercados em relação à feira. “O estacionamento é grátis, e corro menos risco de violência.”

O responsável pelo Sacolão Brigadeiro, Guilherme Fernandes, 24, diz que a maioria de seus clientes compra banana em pouca quantidade. “Geralmente são pessoas idosas que moram sozinhas na região, e raramente compram muita fruta”, conta.

O espaço cedido pela prefeitura para comercialização de frutas, legumes e verduras no bairro da Bela Vista oferece todos os tipos de banana. A fruta representa cerca de 20% do faturamento do sacolão.

Fernandes diz que o desafio de vender bananas, muito perecíveis, é conseguir manter as frutas sempre de qualidade em exposição. Por isso, é fundamental abastecer a prateleira com bananas num ponto em que durem pelo menos dois ou três dias de comercialização.

noticia por : UOL

23 de fevereiro de 2025 6:25

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