Atacar Argentina com Oscar não é só deselegante; é não saber História

O filme argentino trata da questão da ditadura sob a ótica da vida cotidiana, tal como a produção dirigida por Walter Salles. Não são filmes sobre a guerrilheiros, ainda que estes também sejam necessários para entender a História, mas sobre mulheres fortes e suas famílias. Não são sobre o outro, mas sobre nós mesmos.

Trazem sutilmente a questão para os espectadores, sendo, por isso, mais eficazes em espalhar a mensagem que um filme engajado. Não ficam restritos às bolhas e podem atingir conservadores e jovens, que desconhecem sua história e, por isso, podem estar se condenando a repeti-la. E, por isso, são tão odiados pelos extremistas.

Já em 2010, a Argentina voltaria a ganhar um Oscar na mesma categoria com “O Segredo dos Seus Olhos”, de Juan José Campanella, estrelado pelo grande Ricardo Darín. Conta a história de um agente do Poder Judiciário aposentado que decide escrever um livro sobre um caso de estupro e assassinato que investigou, prometendo ajudar o marido da vítima a encontrar o culpado e garantir-lhe a prisão perpétua.

O filme se passa em dois cenários diferentes: o turbulento ano antes de começar a última ditadura e, no final da década de 1990, ainda com a dificuldade de punir agentes de Estado por seus crimes devido à vigência de leis de anistia da época.

Somos dois países que passaram pela mesma colonização ibérica e que foram castigados por duas violentas ditaduras, sendo que a do vizinho foi ainda mais carniceira que a nossa. A Argentina, ao contrário do Brasil, não optou apenas por investigar e trazer à tona o que aconteceu e compensar financeiramente as vítimas, mas mandou torturadores e ditadores para a cadeia.

Por exemplo, Jorge Videla, que governou a Argentina de 1976 a 1981, morreu na sua cela em 2013, aos 87 anos, onde cumpria prisão perpétua pelos crimes contra a humanidade que cometeu. Por aqui, os ditadores do período e seus asseclas não amargaram o xilindró. O que ajuda a explicar porque, 37 anos depois, fardados se uniram a civis para tentar um novo golpe de Estado.

noticia por : UOL

6 de março de 2025 4:58

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