Mortos em ação da PM em Salvador cometiam 'crimes violentos' e 'terrores', diz secretário

O secretário de Segurança Pública da Bahia, Marcelo Werner, associou a ação da Polícia Militar que resultou na morte de 12 suspeitos em Salvador, na terça-feira (4), a uma resposta a “crimes violentos” e “terrores” cometidos por supostos criminosos contra a população do bairro de Fazenda Coutos.

A localidade fica no subúrbio da capital baiana.

“Não podemos banalizar os crimes violentos. Eram crimes violentos, eram terrores, que esses elementos estavam proporcionando ali naquela localidade”, afirmou o secretário em entrevista coletiva nesta quarta (5).

“Nosso papel é fomentar políticas públicas de paz social, de educação, mas também estar em condição de salvaguardar nossa população, como foi feito nesse caso concreto”, acrescentou.

Conforme o secretário, a polícia realizou a operação após receber informações de uma invasão de uma facção “em desfavor” de outra em Fazenda Coutos.

Há relatos de moradores expulsos de casa de forma violenta e mantidos sob cárcere privado, de acordo com Werner.

“Quando a equipe policial chegou até a localidade, foi recebida a tiros, e houve uma sequência de confrontos que culminou, ao final, na morte de 12 elementos que estavam armados”, disse.

“Elementos que tinham, inclusive por vídeo, a comprovação posterior que tinham invadido horas antes, nos dias anteriores, aquela localidade, portando armas de grosso calibre.”

A Secretaria de Segurança Pública descartou que a operação policial tenha tido qualquer relação com o Carnaval. Werner disse que a comunidade de Fazenda Coutos “não é violenta”, mas estava sendo “violentada” pelos criminosos.

Também disse que a maioria da população local é formada por “moradores de bem” que estavam no meio do fogo cruzado entre as facções.

“Como dissemos desde o início da operação Carnaval, estaríamos cuidando dos circuitos [da festa], como cuidamos, vocês [jornalistas] viram a quantidade de policiais que tínhamos, mas nós não nos esquecemos do interior do estado e também da nossa capital”, afirmou.

“Eles [suspeitos] achavam que iriam aproveitar esse momento para poder adotar essa onda de violência em torno daquela comunidade. Logicamente, o Estado não vai ser subjugado”, completou.

Werner foi questionado por jornalistas se as 12 mortes foram registradas em um mesmo local.

O secretário não confirmou a informação e disse que a cronologia do caso está sendo esclarecida a partir de investigação com trabalhos de perícia e depoimentos de policiais.

Segundo ele, os corpos estão em processo de identificação no IML (Instituto Médico Legal) nesta quarta.

Werner também se referiu aos mortos como “12 meliantes” que estavam atacando as forças de segurança e violentando os moradores.

“Vamos continuar fazendo esse enfrentamento [o] quanto for necessário. O Estado não vai ser subjugado de forma alguma, por qualquer elemento que seja”, declarou.

“Nós estamos prontos, os investimentos estão sendo feitos, estamos aumentando o efetivo, estamos trabalhando também com política pública através do [programa] Bahia pela Paz, pensando que a segurança não é só polícia.”

Nesta quarta, o Ministério Público da Bahia afirmou que está acompanhando a apuração do caso. Também prometeu tomar as providências cabíveis, dentro das suas atribuições constitucionais, para elucidar as circunstâncias que resultaram nas mortes.

No ano em que iniciou a implantação de câmeras corporais em suas tropas, a Bahia reverteu a curva ascendente de mortes por intervenção policial, registrando uma queda de 8,5% em 2024, em comparação com 2023.

Dados coletados pelo Ministério da Justiça e Segurança Pública apontam que o estado registrou 1.557 mortes em ações policiais no ano passado, contra 1.702 em 2023. O número vinha em rota ascendente desde 2015.

Apesar de reverter a curva, a Bahia permanece como o estado com maior número absoluto de mortes em ações policiais. São Paulo vem na sequência com 749 mortes, seguido do Rio de Janeiro e do Pará.

A Bahia enfrenta um de seus momentos mais graves na segurança pública, em uma encruzilhada que inclui o acirramento da disputa entre facções criminosas, o crescimento da atuação de milícias e a letalidade policial.

noticia por : UOL

6 de março de 2025 6:12

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