Vendedor ambulante é agredido por seguranças de shopping em Santo André

O que seria um dia normal de trabalho para o vendedor ambulante Alison Souza Pedro, 20, por pouco não se tornou uma tragédia quando ele foi agredido por três seguranças do Grand Plaza Shopping, em Santo André, no ABC paulista, na tarde de domingo (20).

De acordo com o seu relato no B.O. (boletim de ocorrência), registrado no 6º DP de Santo André, ele havia ido às Lojas Americanas por volta das 15h40 para comprar chocolates para revender em uma estação da CPTM que fica próxima ao local.

Ao sair da loja, diz ter sido abordado por um dos seguranças, que afirmou que ele havia roubado os chocolates da loja. Mas ele não quis ver a nota fiscal que estava junto dos produtos, apenas o levou até o estacionamento, onde estavam outros dois seguranças. Ainda segundo seu relato, os três passaram a agredi-lo com socos e chutes na nuca e pelo rosto.

O B.O. também destaca que um dos seguranças usou um pedaço de madeira que chegou a quebrar ao ser usado para bater no vendedor ambulante e, mesmo com a vítima quase desacordada, continuaram com as agressões e pisões em suas costelas.

“Não satisfeitos, os seguranças quebraram o celular da vítima e retiveram seu boné e a bolsa que continha todas as barras de chocolate que foram compradas”, finalizou o boletim.

Em certo momento, conta Alison, eles pararam de bater e só mandaram ele sair correndo de lá. “Na hora eu só corri e pensei em ligar para minha família.”

Ao contar o ocorrido, o tio Robson Batista Pedro foi até o shopping e os dois voltaram à loja, onde os funcionários tiraram a segunda via da nota fiscal. A original havia sido levada pelos seguranças, juntamente com a mochila.

“O pessoal de lá [da Americanas] já me conhece. Tanto que, quando me viram, eles [funcionários] ficaram indignados, e as meninas até choraram. Elas me conhecem há bastante tempo e até me devolveram os chocolates que foram deixados lá pelos seguranças.”

Segundo Alison, ele estava com uma sacola e uma mochila cheias de chocolate no momento da agressão, mas só a sacola foi deixada na loja. A mochila sumiu, assim como o seu boné.

Após fazer o B.O. na delegacia, ele passou pelo exame de corpo de delito, para ser anexado ao processo. Dois dias depois, nesta terça (22), ele ainda diz sentir muitas dores de cabeça, nas costelas e nos braços.

O dinheiro para adquirir os chocolates ele diz ter conseguido de doações que pede aos frequentadores do próprio shopping. “Quando perco minhas mercadorias, eu achei essa forma mais fácil de recuperar, que é pedindo.”

Ele conta que costuma vender seus produtos em vários lugares da capital e nas estações de trem com mais movimento, como Tatuapé e Brás.

Alison trabalhava em um estacionamento de caminhões, mas foi demitido há dois meses. A partir de então, ele começou a vender chocolates para pagar as contas e cuidar da filha de 5 anos, com quem mora na zona leste de São Paulo.

Alison e o tio contrataram um advogado para processar o shopping e exigir a punição dos seguranças.

“Ficamos sabendo que não é a primeira vez que isso acontece lá. Lojistas comentaram que os seguranças têm até um quartinho para onde levam as pessoas. Eles pensaram que o menino [Alison] ia deixar pra lá, mas não. Por enquanto, estamos pedindo justiça do shopping, que contratou os seguranças. Indenização vai ficar a critério do advogado”, diz o tio.

Em nota à Folha, a Americanas afirma repudiar qualquer tipo de violência, mesmo fora de seus ambientes, e ressalta que os agressores não são colaboradores da empresa. A companhia ainda informa ter dado apoio a Alison e se colocou “à disposição das autoridades para contribuir com a elucidação do caso”.

Também em nota à reportagem, o Grand Plaza Shopping informou que não tolera nenhum tipo de violência e tanto seus colaboradores quanto funcionários terceirizados são orientados e treinados neste sentido.

“Em relação à denúncia, o empreendimento afastou preventivamente os envolvidos e está conduzindo uma rigorosa apuração para que possa adotar todas as eventuais medidas cabíveis. Além disso, permanece à disposição das autoridades competentes para qualquer esclarecimento.”

A reportagem não conseguiu contato com a defesa dos seguranças.

noticia por : UOL

23 de abril de 2025 3:52

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