O Fórum da Juventude de 2025, realizado na sede da ONU na semana passada, teve foco em cinco Objetivos do Desenvolvimento Sustentável, dentre eles a igualdade de gênero.

A ONU News conversou em Nova Iorque com a secretária de Direitos Humanos do Espírito Santo, Nara Borgo, que participou do evento. Ela comentou sobre as ações tomadas no estado para proteger mulheres e meninas da violência doméstica.

Apoio às vítimas de violência doméstica

“A gente recebe muito essas denúncias de violência dentro de casa, que vem do pai, que vem do companheiro ou companheira, que vem de filhos. Então isso é algo que ainda nos assusta muito. Então esse trabalho de prevenção a gente faz também. Tem um trabalho que são grupos reflexivos, que a gente trabalha com o homem agressor para que de fato ele possa passar por um tratamento também psicossocial e compreender que ele precisa desconstruir esse machismo”.

A secretária enfatizou que também são tomadas medidas de repressão, em um trabalho conjunto com o Poder Judiciário, Ministério Público e Polícia para que os agressores sejam retirados do lar e da sociedade quando necessário.

Ela explicou que o estado criou recentemente uma secretaria específica de Políticas para Mulheres, responsável por centros de atendimento a vítimas de violência.

Criando oportunidades para meninas em ciência e tecnologia

O subsecretário de Políticas da Juventude, Jiberlândio Miranda, adicionou que o estado também busca criar oportunidades para as jovens no mercado de ciência e tecnologia.

“Muitas vezes a mulher fica ali no meio de um mercado que só tem homens. Então, a partir de agora, nós temos um programa exclusivo, que é o ‘Jovem Programadora’, que é um curso específico para mulheres. Queremos oportunizar mais mulheres no mercado de ciência e tecnologia, no mercado digital, que a gente sabe que hoje em dia é o que está chegando para ficar”.

Ele afirmou que a iniciativa estimula “independência digital”, em um contexto em que ainda existe uma grande lacuna entre homens e mulheres. 

Diálogo sobre parceria com a Unesco

A secretária de Direitos Humanos revelou que durante a participação no Fórum da Juventude na ONU surgiram novas oportunidades de parceria para reforçar o trabalho com jovens, inclusive com apoio da Organização das Nações Unidas para Educação Ciência e Cultura, Unesco.

“A gente falou bastante dos nossos Centros de Referência das Juventudes. Que é um trabalho que a gente faz em 10 municípios do nosso estado, com 14 equipamentos e que a gente leva isso: cultura, lazer, educação, atividades profissionalizantes. E aí a Unesco ficou bastante interessada, porque a gente já tem pesquisas que qualificam o nosso trabalho, dados concretos. Isso é importante também. E a gente visa, então, trabalhar com a Unesco nesse sentido de aprimorar o serviço para as juventudes no Estado do Espírito Santo”.

De acordo com Nara Borgo, os centros incluem assistência psicossocial e iniciativas de conscientização sobre direitos sexuais e reprodutivos para mulheres. 

Outra linha de atuação são ciclos formativos em direitos humanos que incluem o tema da desinformação no ambiente cibernético e no contexto da inteligência artificial. O objetivo é garantir que os jovens não sejam expostos a informações incorretas e proteger as mulheres de ataques via internet, que são cada vez mais comuns nas redes sociais.

Programas de apoio ao emprego e empreendedorismo

Jiberlândio Miranda destacou que que as ações buscam atingir também os jovens que vivem longe das zonas urbanas.

“No mês que vem nós vamos fomentar a questão dos direitos humanos para a juventude rural e a juventude do campo. Um investimento na ordem de R$ 240 mil, aproximadamente US$ 40 mil. E tudo isso para a juventude capixaba. Então é um estado que é pequeno na terra e na territorialidade, mas é um estado muito grande no desenvolvimento para a juventude”.

Em relação ao emprego, ele explicou que o Espírito Santo aposta em três principais linhas de atuação. O primeiro é um programa de qualificação profissional denominado “Emprega Jovem”.

O segundo é uma linha de financiamento de até R$ 5 mil para apoiar o empreendedorismo juvenil, com facilidades de pagamento. O terceiro é o selo “Empresa Amiga da Juventude”, que estimula o setor privado a absorver mão de obra jovem com carteira de trabalho assinada.

Ambos os representantes do Espírito Santo destacaram que o Fórum na ONU representou uma oportunidade única de compartilhar avanços em programas para a juventude e de aprender com a experiência de outros países.