Cidade no Pará é metáfora do Brasil dependente de commodities

Seis anos depois, a Vale já estava prestes a inaugurar a mina S11D (Serra Sul). É o maior projeto da história da companhia, com um investimento total de US$ 79 bilhões, em valores atuais.

Mesmo com tanto dinheiro e tempo depois, o IDHM permanecia quase o mesmo: tinha crescido timidamente 1,48%, para 0,683, segundo relatório do Sistema Firjan, não-oficial, mas que usa a mesma metodologia do IBGE. A última medição oficial do IBGE é de 2010.

“É que uma parte pequena da cidade ganha muito bem. São essas pessoas que movimentam a economia da cidade, inclusive. É curioso notar, por exemplo, o alto padrão dos hotéis, para receber diretores da mineradora, representantes de empresas terceirizadas e outros atores ligados à mineração”, explica João Paulo Loureiro, professor da Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA).

“Mas, por outro lado, quase metade das famílias da cidade depende de auxílios públicos, como Bolsa Família, por exemplo. Sem contar a grande quantidade de gente que trabalha informal, vendendo comida, tocando um pequeno negócio. Existe um abismo entre essas duas realidades”, completa.

Há três anos, quando o IBGE atualizou seu painel, os dados revelaram que, em 2022, se mantinha aquele mesmo número de 35% de pessoas sem acesso a esgoto tratado. Naquele ano, pelo menos 11 mil famílias viviam ali com metade de um salário mínimo (cerca de R$ 700).

Questionada sobre os projetos desenvolvidos a partir do dinheiro do CFEM, a Secretaria de Desenvolvimento Social da prefeitura de Canaã dos Carajás não retornou até a publicação desta reportagem.

noticia por : UOL

24 de maio de 2025 15:40

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